A recente intervenção das autoridades norte-americanas revelou um complexo esquema de atividades financeiras ilícitas que envolvem o mercado de criptomoedas e atores russos. Entre os dias 26 e 27 de setembro, o governo dos Estados Unidos impôs sanções a duas plataformas de criptomoedas e a dois indivíduos russos, marcando um avanço significativo na luta contra a lavagem de dinheiro.
A investigação contou com a participação de vários departamentos, incluindo o Tesouro, Justiça e Estado, em colaboração com agências policiais internacionais.
PM2BTC e Cryptex no ponto de mira das autoridades
O Tesouro dos EUA identificou a PM2BTC, uma plataforma de criptomoedas russa, e Sergey Ivanov, seu associado, como uma “preocupação principal por lavagem de dinheiro”. Segundo a Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN), a PM2BTC é acusada de gerir receitas provenientes de ataques de ransomware e outras atividades ilícitas, com metade das suas operações ligadas a atividades ilegais, em particular:
- A FinCEN descobriu que a PM2BTC partilha infraestruturas de carteiras com a UAPS, um sistema de pagamento anónimo.
- Cryptex, registada em São Vicente e Granadinas, foi sinalizada por transações superiores a 720 milhões de dólares com serviços partilhados entre atores de ransomware sediados na Rússia e cibercriminosos.
Cryptex foi sancionada pelo Escritório de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) por envolvimento em transações suspeitas, incluindo o uso de serviços fraudulentos e de mistura, além de plataformas sem programas de verificação de identidade (KYC).
Detalhes da colaboração internacional nas investigações
A operação contou com a colaboração de várias agências, incluindo a Secção de Investigação Cibernética do Serviço Secreto dos EUA, a Polícia dos Países Baixos e o Serviço de Inteligência Fiscal e de Investigação holandês. Graças a este esforço conjunto, foram apreendidos domínios web e infraestruturas ligadas à PM2BTC e Cryptex.
Organizações como Chainalysis e Tether (USDT) deram contribuições significativas à investigação, enquanto o Departamento de Estado dos EUA ofereceu até 10 milhões de dólares por informações que levem à captura e/ou condenação de Ivanov ou Shakhmametov.
Nos documentos judiciais tornados públicos no Distrito Leste da Virgínia, Sergey Ivanov foi acusado de conspiração para cometer e facilitar fraudes bancárias, ligado a sites envolvidos no “carding”, ou seja, o comércio de dados de cartões de crédito roubados. Timur Shakhmametov, outro indivíduo implicado, enfrenta acusações semelhantes, incluindo conspiração para cometer fraudes com dispositivos de acesso e lavagem de dinheiro.
As sanções refletem a determinação das autoridades internacionais em perseguir atividades ilícitas no mundo das criptomoedas e sublinham a importância de uma regulamentação mais rigorosa. Especialistas alertam que plataformas como PM2BTC e Cryptex representam apenas a ponta do iceberg num ecossistema financeiro clandestino em expansão constante.
A iniciativa dos EUA poderá incentivar outros países a intensificar as suas medidas de controlo e a colaborar mais estreitamente na luta contra o crime financeiro. Entretanto, as plataformas de criptomoedas legais são chamadas a reforçar os seus sistemas de segurança e verificação de identidade para evitar o envolvimento em escândalos semelhantes.